Tive um sonho #Diary16

Campo de Trigo com Corvos (1890) - Vincent Van Gogh



Sonhei que estava em uma dessas estradas de mão dupla que cruzam o Estado de São Paulo. Eu estava dirigindo e, apesar de a estrada ser muito bem pavimentada e cheia de sinalizações, eu parecia confusa sobre para onde estava indo. Para começar, nem sei como fui parar ali. Quando dei por mim já estava com as mãos ao volante.

Olhando em volta, não havia sinal nenhum de outros carros. Eu seguia confiando apenas nas placas de trânsito ao longo do caminho. O interessante e curioso é que, a cada quilômetro, havia uma placa de retorno...mas retorno para onde? Segui o caminho envolta por uma playlist oitentista que me deixava alegre, e pelas placas ao longo da estrada dizendo "siga em frente".

A paisagem, no começo, parecia agradável, mas logo começou a ficar monótona. Não havia nada além de plantações agrícolas já colhidas. O horizonte se dividia entre o azul do céu e o bege da palhada, e isso estava me cansando. Depois de horas na mesma posição, sem nenhum sinal de mudança no cenário, parei no acostamento, pouco antes da placa de retorno. Levantei, estiquei as pernas, respirei aquele ar seco e quente, apesar de achar tudo aquilo muito estranho, decidi seguir viagem na esperança de chegar a algum lugar. Afinal, ainda havia aquelas placas repetindo: "siga em frente", "siga em frente", "siga em frente".

Já passava da metade da tarde, e eu, com fome e sede, resolvi continuar. Era minha única esperança naquela estrada deserta. O sol se pôs, e as únicas luzes visíveis em meio à escuridão eram a da lua e a do farol do carro. Eu já não aguentava mais, precisava chegar a algum lugar. Foi então que vi, à distância, as luzes de uma cidade grande, e parecia ser bem grande, por sinal. Finalmente, poderia descansar, comer algo e descobrir para onde raios eu estava indo.

Enquanto imaginava tudo o que faria ao chegar, tive que frear bruscamente para não bater no muro de contenção que bloqueava o caminho. Desci do carro e me aproximei para entender o motivo daquilo e, para minha surpresa, a estrada ainda não tinha sido concluída. Não havia para onde ir. Fiquei no escuro, sozinha, tomada por um misto de tristeza e frustração diante de tudo aquilo. Tentei, com algum esforço, ser grata pelo tempo na estrada, pela paisagem (mesmo que melancólica), pela música que me acompanhava...mas, no fim das contas, para onde aquilo tudo me levou? Tive que retornar. 

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