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Sylvia Plath
tradução por Rafael Zacca
Não sou uma árvore de raízes fincadas
Sugando minerais e amor maternal
Para que a cada março eu resplandeça em folhas,
Nem sou a flor mais bela dos canteiros
Delicados, atraindo meu quinhão de “Ais”
Antes do iminente despetalar.
Comparadas a mim, uma árvore é imortal
E uma flor, conquanto pequena, é mais espantosa –
Invejo a longevidade de uma e a ousadia da outra.
As árvores e as flores espalharam seus odores na noite fresca.
Caminho entre elas, mas não me notam.
Às vezes imagino que, dormindo,
Sou sua semelhante –
Penso obscura.
É mais natural se estou deitada;
Assim, o céu e eu conversamos sem segredos.
Serei útil quando estiver enfim deitada:
Aí as árvores serão mãos para mim, e, as flores, demora.
Sylvia Plath se tornou uma das minhas escritoras favoritas, a conheci através da sua famosa obra literária "A Redoma de Vidro" e desde então pouco a pouco fui me envolvendo mais em sua história de vida. Encanto-me pela maneira como a autora consegue escrever de uma maneira tão delicada sobre os sintomas melancólicos da depressão. O chamado "mal desse século" é muito presente em alguns de seus escritos, principalmente pela mesma ter sofrido com essa doença que não era tão debatida e tratada com seriedade. Infelizmente em 2019 fui diagnosticada com depressão e ansiedade e estou atualmente em tratamento. Pra quem sofre com essa doença sabe que os sintomas oscilam bastante, é realmente como uma montanha-russa maluca. E é nas horas em que vejo o carrinho descendo que me agarro em poesia e música pra subir com ele de novo.