Se sua alma fosse fotografada, o que ela mostraria?
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@George and Betty Woodman |
Francesca Woodman nasceu em Denver no ano de 1958. Filha de pais artistas, ela sempre teve esse olhar e intensidade que artistas carregam dentro de si e externalizam em suas obras. Depois de ganhar uma câmera Yashica de seu pai durante a adolescência, ela encontrou nesse caminho uma forma de se expressar. Ela mesma preparava seus cenários onde a arquitetura e os objetos tinham papeis fundamentais para a composição das fotos onde, em sua maioria, ela era também parte, seja vestida ou nua. O que intriga em suas imagens é o modo como sua figura parece se dissolver ao ambiente silencioso e abandonado, que são propositalmente mais nítidos (estáveis) que sua própria figura (existência volátil). As interpretações podem ser várias, mas eu interpreto como se ela se sentisse assim o tempo todo: numa dicotomia entre se encaixar ou se libertar do que a rodeia.
Durante seus estudos, ela teve muito contato com o movimento artístico surrealista e influências da literatura gótica, isso também já diz muito sobre seu trabalho, seus interesses e modo de enxergar a vida.
A falta de reconhecimento pelo seu trabalho, os percalços enfrentados por ser uma mulher fora dos padrões sociais de sua época e problemas relacionados a sua vida amorosa, foram alguns dos motivos que levaram ao fim trágico de Francesca. No início dos anos 80, aos 22 anos de idade, ela se suicidou, deixando pra trás cerca de 800 fotografias que ser tornaram, somente após sua morte, merecidamente reconhecidas e admiradas. Hoje seu talento precoce é tema de estudos e inspiração para diversos fotógrafos ao redor do mundo.
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Durante sua vida Francesca Woodman soube ser a atriz de um drama que ela mesma dirigiu e mostrava com ambivalência através de uma série de imagens nas quais brincava de aparecer e desaparecer. Era sempre um sim, mas não, a sua nudez explícita, seu rosto estava escondido. Estava presente ao mesmo tempo em que se escondia. Knopper sugere que seu trabalho poderia ser considerado um pré-selfie, com um significado mais profundo. Mas talvez, em uma época na qual abunda o exibicionismo sem pudor nas redes sociais, seja mais adequado classificá-la como o anti-selfie, já que paradoxalmente nos mostrando tanto de si, ela conseguiu manter o mistério; revelando sua alma, não sua presença nem sua vida.
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