Como já citei aqui antes, há alguns meses atrás, passei por um término de um relacionamento que durou quase três anos. Foi uma conexão leve, descomplicada e cheia de trocas genuínas. Dividimos nossas vulnerabilidades, nossos medos e, dentro do possível, nos ajudamos a crescer em diversas áreas da vida. Cada pequeno gesto parecia parte de um refúgio que criamos para fugir do caos ao nosso redor, uma pequena “familinha” composta por mim, ele e minha gata. Compartilhando gostos em comum (muitas vezes melancólicos por sermos dois sofredores de carteirinha) e aprendendo juntos muitas coisas do dia a dia da vida adulta.
Mas o que para mim parecia uma construção para a vida, para ele talvez fosse apenas um abrigo temporário. Entender sobre emoções e sentimentos sempre foi uma questão para ele, e isso foi o que levou o término do nosso relacionamento: o fim de uma paixão. Acho que sim, houve momentos de amor recíproco, mas o fardo do amor é muito mais pesado, o de uma paixão não, uma paixão vem e vai, em questão de um ou dois anos como diria a antropóloga Helen Fisher, especialista em neurociência do amor.
Segundo Helen Fisher, a paixão envolve uma "montanha-russa" de emoções intensas provocada por neurotransmissores como a dopamina, que ativa o sistema de recompensa no cérebro. Essa intensidade geralmente tem um prazo limitado, porque o cérebro tende a voltar a um estado de equilíbrio para evitar desgaste emocional e físico.
Enquanto eu mergulhava de cabeça, explorando cada coral e aproveitando cada onda, ele estava apenas molhando os pés na beira do mar. E, no fim, essa diferença se tornou impossível de ignorar. Algumas atitudes dele após o término me mostraram que talvez o amor, na essência mais pura, nunca tenha existido. Era difícil aceitar, mas comecei a enxergar sinais que, na paixão do início, eu tinha ignorado (as famosas red flags).
Perguntas ficaram martelando na minha mente: seria medo de amar? Ou apenas um passatempo pós-pandemia? Não tenho respostas para isso, apenas sei o que eu senti. Para mim, aquele era um relacionamento que eu queria levar para frente, trabalhar para fazer dar certo. Não para sempre, porque “sempre” é uma ilusão, mas enquanto houvesse vontade de estar junto.
Propusemos a ideia de sermos amigos, algo que, em outras experiências, até funcionou. Sou amiga de um ex com quem fiquei cinco anos, mas isso só acontece porque nossas vidas seguem caminhos completamente diferentes: ele mora em outro país, e a distância cria uma zona neutra onde a amizade é possível. Inclusive, foi ele quem me ajudou a me reconstruir após esse término recente, oferecendo conselhos com base na intimidade que um dia compartilhamos.
Dessa vez, porém, foi diferente. Meu coração não sabe simplesmente redirecionar sentimentos, trocar as órbitas de algo que ainda está tão vivo dentro de mim. Precisei me afastar. Bloqueei gatilhos, evitei qualquer informação sobre a felicidade dele com outra pessoa. Não só por mágoa, mas por autopreservação. Sempre fui de me dedicar além da conta, a ponto de me anular, e hoje não aceito mais isso, mesmo que ainda me doa.
Não consigo sair caçando outras pessoas pra substituir a presença, quando tentei fazer isso, cai nesse relacionamento, e me entreguei sem perceber que o outro não se comunicava com palavras que não queria mais estar comigo, se tornando mais frio e automático. Talvez eu, intimamente, até percebesse mas achava que era alguma fase difícil de autoconhecimento e escolhas complexas para conquistar a tão sonhada independência. Ele se fechava, deixava de se comunicar, e chegou em um ponto que eu me vi sozinha, tentando salvar algo que para ele já não fazia sentido. Para mim, havia solução, para ele, ainda estando comigo, o relacionamento já era algo do passado. E essa falta de comunicação e sinceridade comigo foi o que mais me machucou no final.
Algo que ele sempre dizia era que eu sou muito profunda, muito intensa. E ele estava certo, porque sou mesmo. Desde o início, deixei isso claro, inclusive emprestei meu livro Highly Sensitive Person logo no começo, avisando que sou alguém que sente tudo de forma amplificada, que enxerga sentimentos como algo sério, e não um passatempo. Para mim, relacionamentos não são um lugar de simplesmente extrair o melhor do outro e depois seguir em frente. Eu me entrego de verdade, com tudo o que sou e tenho, estando ao lado dessa pessoa nos altos e baixos, inclusive nos super baixos kkkk.
Perguntas ficaram martelando na minha mente: seria medo de amar? Ou apenas um passatempo pós-pandemia? Não tenho respostas para isso, apenas sei o que eu senti. Para mim, aquele era um relacionamento que eu queria levar para frente, trabalhar para fazer dar certo. Não para sempre, porque “sempre” é uma ilusão, mas enquanto houvesse vontade de estar junto.
Propusemos a ideia de sermos amigos, algo que, em outras experiências, até funcionou. Sou amiga de um ex com quem fiquei cinco anos, mas isso só acontece porque nossas vidas seguem caminhos completamente diferentes: ele mora em outro país, e a distância cria uma zona neutra onde a amizade é possível. Inclusive, foi ele quem me ajudou a me reconstruir após esse término recente, oferecendo conselhos com base na intimidade que um dia compartilhamos.
Dessa vez, porém, foi diferente. Meu coração não sabe simplesmente redirecionar sentimentos, trocar as órbitas de algo que ainda está tão vivo dentro de mim. Precisei me afastar. Bloqueei gatilhos, evitei qualquer informação sobre a felicidade dele com outra pessoa. Não só por mágoa, mas por autopreservação. Sempre fui de me dedicar além da conta, a ponto de me anular, e hoje não aceito mais isso, mesmo que ainda me doa.
Não consigo sair caçando outras pessoas pra substituir a presença, quando tentei fazer isso, cai nesse relacionamento, e me entreguei sem perceber que o outro não se comunicava com palavras que não queria mais estar comigo, se tornando mais frio e automático. Talvez eu, intimamente, até percebesse mas achava que era alguma fase difícil de autoconhecimento e escolhas complexas para conquistar a tão sonhada independência. Ele se fechava, deixava de se comunicar, e chegou em um ponto que eu me vi sozinha, tentando salvar algo que para ele já não fazia sentido. Para mim, havia solução, para ele, ainda estando comigo, o relacionamento já era algo do passado. E essa falta de comunicação e sinceridade comigo foi o que mais me machucou no final.
Algo que ele sempre dizia era que eu sou muito profunda, muito intensa. E ele estava certo, porque sou mesmo. Desde o início, deixei isso claro, inclusive emprestei meu livro Highly Sensitive Person logo no começo, avisando que sou alguém que sente tudo de forma amplificada, que enxerga sentimentos como algo sério, e não um passatempo. Para mim, relacionamentos não são um lugar de simplesmente extrair o melhor do outro e depois seguir em frente. Eu me entrego de verdade, com tudo o que sou e tenho, estando ao lado dessa pessoa nos altos e baixos, inclusive nos super baixos kkkk.
Tem uma música da Liniker que traduz perfeitamente isso: "Se eu for imensa pra você, sinto muito”. Talvez, no fundo, eu tenha sido imensa demais para ele. E está tudo bem, hoje eu entendo que nem todos estão prontos para abraçar essa intensidade, talvez só eu mesma, mas espero que alguém um dia pelo menos entenda e escolha ficar mesmo assim.
Ainda assim, não guardo ódio...há mágoas, claro. Feridas que talvez nunca cicatrizem por completo. Mas não há como exigir de alguém o que ele não pode ou não quer oferecer. Fica a pena, talvez, pela forma como tudo se desenrolou, pela falta de sensibilidade, pelo descompasso entre o que vivemos e o que ficou.
O que vem depois? Não sei. Amizades com exs só acontecem quando o tempo cumpre seu papel e a vida segue seu curso. Por ora, sigo buscando me reconstruir, respeitar meus limites e entender que, mesmo nas dores, há espaço para aprendizado e crescimento. Porque, afinal de contas, cada relação é um espelho que reflete um pouco de quem somos, do que precisamos e, principalmente, do que merecemos.